O Brasil tem 10,7 milhões de pessoas com alguma deficiência auditiva, mas apenas 37% delas estão inseridas no mercado de trabalho, mostra uma pesquisa do Instituto Locomotiva apresentada na 2ª Semana de Acessibilidade Surda (SAS), em São Paulo.
Em comparação, esse número é de 58% entre a população geral, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para Renato Meirelles, presidente do instituto, a economia do país é que sofre prejuízos diante desses contrastes. “A gente vai perdendo condições de aquecer nosso desenvolvimento econômico porque muitas pessoas, como os portadores de deficiência auditiva, não estão inseridas corretamente tanto no mercado de trabalho como no de consumo”, opina.
Além do emprego, os surdos também encontram obstáculos na educação: segundo a pesquisa, 32% das pessoas com alguma deficiência auditiva não têm nenhum grau de instrução – na população em geral, esse número é de apenas 8%.
Da mesma forma, entre os brasileiros portadores desse tipo de deficiência, só 7% conseguem concluir o ensino superior, enquanto a média geral é o dobro: 14%. Segundo relatos ouvidos durante a pesquisa, muitos surdos não conseguem concluir a graduação por causa da falta de intérpretes nas universidades.
Mas não é só: muitos relatos de pessoas com deficiência auditiva indicam que as dificuldades também perpassam a vida cotidiana, como ir ao cinema, utilizar um serviço público ou dirigir. Dois em cada três brasileiros que possuem essa condição dizem encontrar obstáculos habituais por causa dela.
Quatro em cada dez pessoas com alguma surdez admitem que têm dificuldades para conversar com amigos, por exemplo, e 14% revela que esse problema se estende à família. “Como meus parentes não sabem libras, eles tentam fazer mímica, gestos ou então inventam uma linguagem própria para falar comigo. Por causa disso, eles não conhecem meu verdadeiro eu até hoje”, diz um dos relatos coletados para a apresentação.