Com a alta do desemprego e o fechamento de vários negócios com a pandemia de covid-19, muitos brasileiros precisaram improvisar para garantir o sustento. Eles viram nos aplicativos uma alternativa de renda e passaram a depender dele parcial ou até totalmente.
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva mostrou um crescimento de sete pontos percentuais no número de trabalhadores que recorreram a essas ferramentas entre fevereiro de 2020 e março de 2021. Antes eram 13% e agora são 20% -um em cada cinco trabalhadores.
Hoje 20% da população adulta já faz parte desse grupo. No ano passado, antes da pandemia, eram 13%. São 32,4 milhões de pessoas que recebem renda por algum aplicativo, dos quais 11,4 milhões aderiram ao serviço após o início da pandemia.
Aplicativos mais usados
Quatro aplicativos lideram o ranking dos mais utilizados, segundo a pesquisa: redes sociais, como Facebook e Instagram (34% entre quem usou os apps para renda), apps de conversa, como o Whatsapp (33%), de transporte (28%), como Uber e 99, e de venda online, como Mercado Livre e iFood (26%).
Facebook e WhatsApp são usados para oferecer produtos e serviços.
Para 15,7% dos trabalhadores que usam os apps, essas plataformas são a única fonte de renda. Para 15%, os apps representam a maior fonte de renda e, para 14,6%, metade dos ganhos. Para 30,8%, aplicativos representam a menor parte da renda, e 23,8% usam apps para um trabalho eventual.
Negócio não é só mais para os vizinhos
O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, explica as tendências. “As pessoas passaram a usar as suas redes sociais para potencializar suas vendas, como o lojista que passou a mandar a nova coleção pelo WhatsApp e a marmiteira, que passa as receitas do dia pelo WhatsApp ou pelo Instagram”, diz.
“Elas deixaram de vender só para a vizinhança e passaram a vender para um número muito maior de clientes e restaurantes que se cadastraram no app de entrega e continuaram vendendo mesmo estando de portas fechadas.”
Segundo Meirelles, o movimento de digitalização do trabalho e a utilização dos apps como fonte de renda não foi uniforme em todas as regiões. “[Pessoas que usam app para renda] obviamente estão mais presentes em regiões com maior participação das classes A e B, como grande São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, porque são cidades têm um grande mercado consumidor e foram afetadas por medidas de restrição.”
Os pesquisadores entrevistaram 1.500 pessoas, entre homens e mulheres, com 16 anos ou mais e nas cinco regiões do país e de todas as classes sociais. Elas foram ouvidos por telefone, entre os dias 12 e 19 de março.
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