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REVISTA BRASIL+: Renato Meirelles aborda demanda por mudança na política

Além do consenso de que existe uma profunda falta de representatividade no Brasil, o país atravessa uma grave crise e não há previsão do que pode acontecer daqui para frente.

A conclusão é de Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, em seu artigo publicado na Revista Brasil+, publicação do Movimento Brasil Competitivo (MBC). Renato mostra ainda que dois entre três brasileiros admitem votar para presidente por exclusão, e não por afinidade. “Mas o que quer o eleitor? Temos dados que mostram que apenas 5% da população acredita que os políticos atuais conhecem os principais problemas do Brasil”, escreveu o presidente do Instituto Locomotiva.

Leia o texto na íntegra abaixo:

Demanda por mudança

Além do consenso de que existe uma profunda falta de representatividade no Brasil, o país atravessa uma grave crise e não há previsão do que pode acontecer daqui para frente

Por Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva

Para se ter uma ideia do descrédito da política entre os brasileiros, reparem em um dado levantado pelo Instituto Locomotiva em parceria com a Ideia BigData para o RenovaBR.

Existe no país um total de 109 milhões de eleitores que afirmam não querer votar em alguém que esteja exercendo mandato de deputado ou senador. O número representa o pensamento de 78% dos eleitores brasileiros. Junte a isso outro dado de uma pesquisa do Instituto Locomotiva que aponta que 93% dos eleitores não se sentem representados pela política.

A conclusão sobre os levantamentos é óbvia: percebe-se uma profunda falta de representatividade política entre os eleitores brasileiros. O que é pior: não temos a menor previsão do que poderá acontecer com o nosso futuro. E notem que as próximas eleições serão disputadas em poucos meses, em outubro. Mas vamos tentar entender as razões da crise de representatividade que está tão presente entre nós.

Há um consenso de que o país atravessa uma grave crise. Para 96% dos brasileiros, estamos em crise. Já 71% avaliam de forma negativa a situação econômica atual do país e 84% dos brasileiros afirmam ter medo de perder o padrão de vida conquistado. Atualmente, 96% dos brasileiros estão insatisfeitos com os governantes e 88% acreditam que os políticos nunca defendem os interesses da população. Apenas 4% confiam em algum partido político e somente 7% confiam nas lideranças políticas. Para além da crise de representatividade, o grau de confiança nas instituições políticas também é baixo.

Em uma escala de zero até dez para avaliar o grau de confiança nas instituições, as notas médias são: Democracia do Brasil, 3,43; Prefeito, 2,81; Governador,2,31; Congresso Nacional, 1,89; Partidos Políticos, 1,07.As notas refletem uma aprovação baixíssima dos brasileiros em relação às instituições que os representam. Além disso, dois entre três brasileiros (ou 65%) admitem que costumam votar para presidente por exclusão, e não por afinidade. Mas o que querem os brasileiros da classe política? Temos dados que mostram que apenas 5% da população acredita que os políticos atuais conhecem os principais problemas do Brasil.

Representatividade

A falta de preparo também é um fator importante entre os elei- tores. Apenas 11% acreditam que os políticos eleitos se prepararam para desempenhar seus mandatos. E ainda existe a falta de compromisso dos parlamentares. Apenas 6% das pessoas acham que os políticos brasileiros costumam ouvir a população para tomar decisões.

No entanto, o fato real – que devemos enfrentar – é que, se a população não fizer nada, nada vai mudar na política. Essa mudança, tão desejada por todos nós, não virá por milagre nem pelo surgimento de um supercandidato.

Pois vejam: para 97% dos brasileiros, é preciso haver uma renovação na política nacional. Para 74% dos brasileiros (ou três de cada quatro eleitores), quem muda e quem renova a política é a própria sociedade. E 87% acreditam que é preciso agir para melhorar a política nacional.

O principal problema, e que emperra essas mudanças, é que de um lado existe uma grande demanda da sociedade para a renovação da política e, de outro, os próprios representantes da política tradicional.

Estes últimos fazem de tudo para permanecer no poder, criando regras que dificultam mudanças e impedem financiamentos e candidaturas. Isso faz com que a mudança individual e a vontade coletiva de mudar entre os brasileiros dependa justamente de quem nada quer mudar.

Os dados da pesquisa mostram também que 95% dos brasileiros esperam que as candidaturas ouçam as pessoas para tomar suas decisões; 95% esperam que as candidaturas estudem sobre os problemas do país; 99%, que devem estudar sobre o papel e o funcionamento das instituições políticas; e 90% dos eleitores querem que os candidatos sejam transparentes e prestem contas à população.

São essas as mudanças que os brasileiros mais querem ver na política. Quando se fala em renovação da política, todo mundo acha que é impossível. Quando se fala em mudança, ouvimos que os políticos que es- tão aí não vão deixar isso acontecer. Mas, como dizia o velho Raul Seixas, repito: “Sonho que se sonha só é só um sonho. Mas sonho que se sonha junto [nas urnas, palavras minhas] é realidade”.

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