A pandemia de coronavírus e o fim do auxílio emergencial em dezembro, criado justamente para amparar as pessoas que perderam a renda nesse período, mostram uma triste realidade nas favelas brasileiras: oito em cada 10 famílias dependem de doações. A pesquisa “A favela e a fome”, realizada pelo Data Favela, parceria entre Instituto Locomotiva e CUFA, entrevistou 2 mil moradores de 76 favelas brasileiras na segunda semana de fevereiro. A pesquisa mostra que cerca de 7 em cada 10 (68%) pessoas que vivem nestas favelas afirmam que a pandemia fez piorar a sua alimentação – isso representa um aumento de 25 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em agosto de 2020.
Entre eles, a média de refeições diárias é de menos de duas (1,9) e 68% afirmam que, nos últimos 15 dias, em ao menos um dia faltou dinheiro para comprar comida. Com o fim do auxílio emergencial, 67% precisarão cortar despesas básicas – como comida (53%), limpeza (45%) e atrasar contas (61%) -, enquanto somente 8% conseguirão manter o padrão de consumo. A pesquisa aponta também que 71% das famílias das favelas brasileiras estão sobrevivendo com menos da metade da sua renda e 93% não têm qualquer dinheiro guardado.
As doações ajudaram a lidar com o problema de forma mais imediata: 90% dos moradores de favelas receberam alguma doação durante a pandemia do coronavírus e 8 em cada 10 famílias entrevistadas afirmaram que não teriam condições de se alimentar, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar contas mais básicas caso não tivessem recebido a doação.
Clique aqui para ler o conteúdo no site do jornal O Dia.