Quanto mais perto do topo, menos negros. Basta uma olhada nas cadeiras de presidentes das 100 maiores empresas brasileiras listadas na B3 para se constatar essa realidade: só brancos estão sentados ali. Quando se desce mais um pouco na hierarquia, a proporção não melhora muito. Levando-se em conta toda a economia, quando se fala em diretores e gerentes, apenas 6% e 4,7%, respectivamente, são negros – isso numa sociedade em que eles são mais de 50% da população.
É um quadro histórico, que tem suas raízes no passado escravocrata do País e que, claro, não está restrito à economia. Mesmo na Câmara dos Deputados, que deveria ser um espelho da população, apenas 4% dos parlamentares se declaram pretos (e 20% se dizem pardos). No caso das empresas, a novidade é que começam a ganhar visibilidade movimentos para se tentar mudar isso.
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Pesquisa vê preconceito na hora da seleção
Os números e a mera observação mostram que é muito difícil para um negro chegar ao topo da carreira dentro de uma empresa. Mas as dificuldades no mercado de trabalho vão muito além disso. Segundo pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva para a Central Única das Favelas (Cufa), seis em cada dez trabalhadores negros dizem já ter se sentido preteridos em uma entrevista de emprego por conta da cor da pele.
O levantamento também mostra que, para quem supera o processo de seleção, os desafios podem continuar. Cerca de 40% dos entrevistados disseram que sofrem ou já sofreram preconceito por causa de sua cor dentro do trabalho.
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