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Folha de S. Paulo: Bilhões de razões para não mudar

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Leia o texto na íntegra abaixo:

Bilhões de razões para não mudar

O setor de TV por assinatura resiste em ouvir o consumidor e critica a Netflix

Por Maurício Stycer em Folha de São Paulo em 05/08/2018

A TV por assinatura entrega um excelente produto ao consumidor brasileiro. A perda de quase 2 milhões de assinantes ocorrida nos últimos três anos deve-se exclusivamente à crise econômica.

Esta foi, em resumo, a visão apresentada em público pelos principais executivos do setor no Pay-TV Forum, um evento realizado no início desta semana em São Paulo com o objetivo de discutir problemas e apontar caminhos para a TV paga no país.

Parece o jogo do contente, de Poliana. Mas é outro jogo. Com 17,8 milhões de assinantes (número de maio), contra 19,58 milhões em novembro de 2014, a TV paga ainda é um negócio que gera receitas bilionárias -e rever o seu modelo pode implicar em perdas consideráveis.

Isso explica a resistência em oferecer alternativas às disponíveis hoje. As maiores operadoras não cogitam vender pacotes mais customizados e baratos, de acordo com os interesses dos clientes, preferindo insistir em entregar uma centena de canais, a maioria dos quais sem atrativo nenhum para quem paga.

“Aqui não é Estados Unidos ou Inglaterra. Temos oito ou nove Brasis diferentes aqui”, disse Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, CEO da Sky, sugerindo que o ritmo das mudanças provocadas pela revolução digital será muito lento no país. “Vocês acham que Ananindeua, no Pará, vai ter OTT?”, perguntou, irônico, referindo-se aos serviços oferecidos via streaming por empresas como a Netflix.

A única voz a destoar foi a do representante da Oi TV, não por acaso a que tem a menor fatia do mercado (cerca de 1,5 milhão de assinantes) entre as grandes. “Empacotar acabou. Se a gente não fizer o que o consumidor quer, alguém vai fazer”, disse Bernardo Winik, diretor executivo comercial da empresa. “Como quebrar um modelo de negócios que gera tanta receita? Não sei também, mas a gente ouve do consumidor que ele quer escolher.”

Os produtores e distribuidores de conteúdo (Globosat, Fox, Turner, HBO etc.), por sua vez, hesitam em oferecer seus canais à la carte com preços competitivos por medo de canibalizarem o serviço vendido pelas operadoras.

Nas palavras de Alberto Pecegueiro, “o modelo de precificação [da Netflix] é um grande destruidor de valor da indústria”. Debochado, o diretor-geral da Globosat também se referiu ao conteúdo produzido pela empresa: “A Netflix está produzindo muita merda, como a gente produziu no começo [da TV por assinatura no Brasil]”.

Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, mostrou que o usuário da Netflix é jovem (49% até 29 anos) e com menor poder aquisitivo (56% de classe C), em oposição ao assinante de TV paga, que tem mais de 30 anos (88%) e é das classes A e B (48%). Um em cada três assinantes, segundo a pesquisa, é também cliente da Netflix.

Ainda segundo dados do Locomotiva, há 122 milhões de brasileiros (acima de 16 anos) conectados à internet e 81% dos entrevistados afirmam estar mais atentos hoje com a qualidade dos produtos que compram do que há dez anos.

Já Guy Bisson, diretor da empresa Ampere Analysis, disse que a base de usuários da Netflix no Brasil está crescendo num ritmo superior ao da perda de assinantes pela indústria de TV paga. Ele estima que o serviço de streaming deve chegar ao final de 2018 com 10 milhões de assinantes no Brasil, o que deixaria a empresa à frente da NET, a maior operadora de TV por assinatura no país.

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