Uma pesquisa do Instituto Locomotiva encomendada pelo Carrefour com o objetivo mapear a situação da população negra no Brasil reforça a dificuldade de superar o racismo estrutural uma vez que pretos e pardos são 56% da população, mas constantemente minorizados pela sociedade.
A pesquisa realizada com 1630 entrevistados em 72 cidades do país entre os dias 15 e 20 de abril de 2021 é um dos passos da varejista em meio aos compromissos antirracistas divulgados nesta quarta-feira, 28. O primeiro ponto que indica um problema estrutural é a maior presença de negros nas classes sociais mais baixas.
Tal indicador faz com que a população negra utilize mais os serviços públicos de saúde e educação, tendo maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, especialmente nos cargos de liderança. Quando inseridos, o preconceito continua, uma vez que 52% dos trabalhadores negros já sofreram alguma discriminação. Além disso, 54% acreditam que brasileiros não reagiriam bem diante de um chefe negro.
Por esses e outros motivos, o Brasil é reconhecido pela população como um país racista, mas poucos assumem suas atitudes de preconceito racial — e outros ainda demonstram não compreender de fato a dimensão do problema.
Por outro lado, mesmo reconhecendo a existência do racismo, a maioria ainda critica a existência da “patrulha do politicamente correto”. “As pessoas acreditam que o racista é uma pessoa do mal e que ela própria não reproduz qualquer racismo, e alguns chegam a deslegitimar o fato de que a população negra morre simplesmente pela cor da pele”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Por meio da pesquisa se confirma ainda que o preconceito racial é frequente no varejo e demais ambientes públicos, uma vez que 61% dos brasileiros presenciaram uma pessoa negra (preta ou parda) sendo humilhada ou discriminada devido à sua raça/cor em lojas, shoppings, restaurantes ou supermercados. O percentual aumenta para 71% quando pretas. Além disso, 69% pessoas negras já foram seguidas por seguranças em lojas. Entre as pessoas pretas, o percentual atinge 76%. Além disso, 89% dos brasileiros reconhecem que as pessoas negras sofrem mais violência física do que as brancas.
A partir dos dados, entende-se que é dever das empresas apresentar medidas práticas e efetivas de combate ao racismo. Além de ser uma questão básica de acesso, respeito e equidade, é também importante para os negócios.
“As empresas podem contribuir para a mudança ao promover o letramento racial contínuo, proteger clientes e funcionários e ter uma tolerância zero no combate ao racismo. Os números mostram que é uma questão de valor e também de estratégia de negócios. Para isto, é preciso ter diversidade na empresa e promover ações que não perpetuem a lógica da desigualdade que mantém as pessoas negras nas camadas mais pobres da sociedade”, diz Meirelles.
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