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“Potências Negras: conheça o projeto de financiamento coletivo voltado para mulheres negras
Por Amcham em 09/11/2018 em Estadão
Mulheres negras podem transformar o mundo. Essa é a crença do projeto Negras Potências, parceria entre o site de financiamento coletivo (crowdfunding) Benfeitoria, o Fundo Baobá e o Movimento Coletivo, organização ligada a Coca-Cola. A iniciativa abriu um edital para mulheres negras que quisessem tocar projetos de empoderamento econômico, combate à violência ou fomento na educação e cultura.
Das mais de 100 submissões, 16 projetos foram escolhidos para integrarem a plataforma no endereço da Benfeitoria, abertos para receberem contribuições. A cada R$ 1 arrecadado, o Movimento Coletivo investe mais R$ 2, triplicando o potencial de investimento.
Trabalhar com esses temas foi uma escolha conectada com a sociedade, segundo Yasmin Youssef, gestora de Projetos Especiais na Benfeitoria. Feminismo e o movimento negro são assuntos presentes em diversas camadas sociais. “A gente viu uma possibilidade de empoderamento desses grupos – não só de investir dinheiro, mas de ensinar e empoderar essas mulheres a captar fundos para seus projetos”, explica.
Desigualdade de gênero e de raça
Por que é importante falar no desenvolvimento nessa interseccionalidade? Alguns dados são importantes para compreender a realidade de cerca de 25% da população brasileira (IBGE). As mulheres negras tem um rendimento médio muito abaixo a de outras pessoas, como mulheres brancas e homens negros. A média de rendimento é de R$ 800, enquanto o de um homem branco chega a ser quase R$ 1600. Além da gritante diferença salarial, apenas 5,2% das mulheres negras no Brasil chegaram a cursar o Ensino Médio, contra 18,2% das brancas.
E mesmo quando graduadas, elas ganham 43% menos que um homem branco e 27% menos que uma mulher branca, com o mesmo nível de graduação (O Desafio da Inclusão – Instituto Locomotiva).
Negras potências
Entre os projetos selecionados, estão iniciativas como capacitação de empreendedoras negras; campanhas de incentivo a carreira científica para meninas negras; produções culturais como um documentário e um espetáculo de circo; cursos de bordado e doula, entre outros.
A ideia é que, após o período de captação de recursos, o Fundo Baobá acompanhe a execução dos projetos. “A captação fecha em novembro, os projetos recebem o dinheiro e o Fundo Baobá acompanha a execução, ver como o que foi captado está sendo destinado”, explica Yousseff.
É a primeira vez que o Movimento Coletivo trabalha com iniciativas relacionadas ao financiamento coletivo e avalia que o trabalho foi muito agregador, segundo Daniela Redondo, Diretora Executiva do Instituto Coca-Cola Brasil.
“Gênero e raça são questões fortes que estamos trabalhando de maneira transversal. O Negras Potências era uma oportunidade de investir e potencializar uma causa crucial para o país. Além disso, assumimos dois compromissos empresariais: o da equidade racial e do empoderamento das mulheres. Queríamos fazer isso de maneira mais experimental, recrutando a sociedade civil a participar, trazendo mais luz para essa temática”, explica.
Para conhecer mais sobre os projetos que buscam financiamento, acesse o site Negras Potências.