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ESTADÃO: Favela doou mais do que as classes A e B

Ninguém investigou mais os efeitos da pandemia na alma, no bolso e nos hábitos do brasileiro quanto Renato Meirelles, fundador do Instituto Locomotiva e do Data Favela. Desde março, foram mais de 27 pesquisas. Para o empresário, a covid-19 atuou como grande acelerador de tendências. “Vivemos cinco anos em cinco meses”, observa.

Meirelles introduziu uma maneira muita própria para suas sondagens. O ex-Data Popular, que analisava pesadamente as Classes C e D, montou o Locomotiva levando em consideração não só a faixa salarial dos entrevistados, mas principalmente seus hábitos de consumo.

Curiosidade: qual o nível de confiabilidade na resposta dos entrevistados? Como saber se estão dizendo o que acham, ou inventando por algum motivo? Meirelles, do alto de sua objetividade, pondera: “Não sei se as pessoas sabem, mas elas mentem. Mentem querendo mentir, mentem sem perceber que estão se enganando e muitas vezes mentem tendo certeza que estão falando a verdade”.

Para o pesquisador, o desafio de uma boa análise de pesquisa é saber a diferença entre o que a pessoa diz que faz, pensa que faz e realmente faz. “Nenhum método de pesquisa sozinho é capaz de entender esse movimento. Por isso, temos que juntar fenômenos de pesquisas quantitativas. Aí, mais profundamente, vamos analisar o que está por trás daquelas declarações. As análises têm que ser também continuas para podermos detectar tendências do mercado, não há como nos limitarmos a números”.

Voltando à covid-19, as pesquisas comandadas pelo filho de dois psicólogos da Vila Madalena, em São Paulo, mostram, “o incrível senso de comunidade que uniu a população mais vulnerável no enfrentamento da doença”. De outro lado, mesmo com o gigante aumento de doações da iniciativa privada, o individualismo exibido por uma parte da elite brasileira continua solto. Aqui vão trechos da conversa.

Explique essa ideia do acelerador de tendências.

A grande característica da covid-19, mais do que um agente de mudança, foi atuar como um acelerador de processos latentes na sociedade brasileira. Experimentamos, por exemplo, um brutal processo de digitalização da educação. Vimos uma ampliação das carteiras digitais e o fortalecimento de super apps de consumo com forte expansão do e-commerce. Fora isso, a pandemia escancarou a desigualdade de renda no Brasil. Está cada vez mais claro que, ou a sociedade aprende a dividir melhor as oportunidades, ou todos nós pagaremos um alto preço pelo nosso abismo social.

Quais são os destaques das pesquisas?

Uma delas mostra que nove entre dez brasileiros não sabem para onde vamos passada a pandemia. Nada será como antes. Ainda bem, até porque o “antigo normal” foi o que fez esse País tão desigual.

Na questão do coronavírus, quais dados chamaram mais atenção?

Um deles foi colocar por terra fake news disseminada no começo da pandemia: a de que o corona era um vírus democrático, que matava igualmente pobres e ricos. Os anticorpos sociais de um País brutalmente desigual como o nosso desmentem a tese. Como uma família de muitas pessoas, dividindo um único cômodo numa favela, sem água encanada, pode fazer isolamento social? Outro dado surpreendente: proporcionalmente, a favela doou mais do que o asfalto, mais do que as classes A e B. É nas periferias que encontramos um senso arraigado de comunidade, uma lógica de reciprocidade. ‘Se um vizinho tem comida, ninguém passa fome”. Essa foi uma frase que escutamos muito nas pesquisas.

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